domingo, 13 de novembro de 2022

 paro em frente ao espelho enquanto me julgo oca. já escrevi sobre isso, já senti isso. porque a sensação de vazio permanece depois de tantos anos? penso que sou casa de tudo que sinto, de todas experiências que tive, de tudo que compartilhei. mas porque é tão difícil entender se algo está machucando de verdade ou se não sinto mais nada? deveria ser uma definição bastante óbvia. porém preciso de tempo pra colocar em ordem os fantasmas que habitam a casa (eu). e também as vezes, só as vezes, queria alguém pra me ajudar a enfrentá-los. eles não vão te machucar, mas preciso que esteja disposto a vir (a existir). você vem? 



te espero com a porta escancarada, já não há motivos para chaveá-la

 como dito previamente, a tranquilidade segue controlando meu cotidiano, recheado de caos. mas vezenquando tem alguém que chama atenção, que talvez esteja clamando aos céus que seja possível alguma intervenção divina pra resolução de sua questão. e eu estou lá; não para resolver, muito menos pra fornecer um desfecho menos trágico. estou lá para cobrir o abismo alheio. estou lá para que o outro possa perceber que é seguro conhecer pessoas e seguir com sua vida, que a melancolia também é bonita e que tem gente boa espalhada por aí. mas no minuto seguinte em que o abismo dele dá sinal de cicatrização, a dispensa vem. mas não com um sonoro nunca ou um retumbante jamais. mas com toques de sutileza, que mascaram tudo aquilo que a pessoa acha que escondeu mas que está bem a frente. ser usada por alguém poderia estar no topo de estratégias de funcionamento da cadeia alimentar porque esse estrago não é externo, ele vem de dentro. e corrói tudo que vê pela frente. e o abismo sou eu, de novo. mesmo a queda não assustando, torno a cair sem previsão de chegada. bem vindo ao lar, coração apertado, não percebi mas senti sua falta.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

 completamente absorta no meu silêncio, observo o caos como parte essencial de mim. é assustador pensar o quanto esse mesmo caos já foi eixo organizador e o papel que passou a ocupar recentemente. sigo caótica, mas com uma leveza nunca antes observada. não poderia imaginar a possibilidade disso acontecer até pouco tempo atrás, quando entendi que o caminho faz parte da descoberta final e que talvez seja o mais importante. que alívio é entender que o caos me ordena, mas não me domina. não mais, nunca mais. sigo com o coração nos pulsos, como sempre fui, mas agora sem que isso seja um peso. todo sentimento torna-se válido quando entendemos o lugar dele na vida. e eu entendi: a tranquilidade também tem lugar nesse terreno que é a minha mente.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

insensível. como se o coração nos pulsos não fosse o suficiente pra justificar minha existência, preciso comprovar certo grau de sensibilidade pra explicar minhas decisões. e as não decisões. em algum momento, se já não agora, a exaustão irá sequestrar minha alma e não sei até que ponto poderei suportar em silêncio. esse mesmo silêncio me rasga por dentro, e apesar de estratégico, me suga todo pouco de energia que ainda possuo. mas sigo dando conta de tudo que me cabe, pelo menos até a explosão, que não parece tão distante neste momento. 

só espero não me machucar nesse processo, não suportaria remendar a alma toda de novo. não me vendo, não me troco, mas é cansativo.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

 na bruma leve das paixões que vem de dentro, eu não sei se tu vens chegando, ou se chegará, ou se existe. o turbilhão de sentimentos sossegou, e não sei entender se faz sentido tudo isso. o caos interno, virou quietude. será isso a tão sonhada paz que se fala? não pode ser, o caos sempre foi meu amor mais profundo e duradouro. acabou? ou é só o começo de algo que vai me transmutar no que eu realmente quero e preciso ser? minha parte controladora adoraria ter todas as respostas, mas a Alice, que ainda permanece aqui dentro, me diz que todo caminho é um caminho bom se não sei o destino. e talvez eu precise não saber, por um tempo. o não saber já me tornou muitas coisas, agora vai me tornar a junção do meu eu com meus comigos. eu espero, eu acredito, eu vou.

sábado, 2 de abril de 2022

intenso

sentir muito, perceber muito, doer muito, machucar muito. tudo é demais, absurdamente demais. por vezes quis voltar no tempo, pra explicar que eu não queria machucar, nem a mim nem a ninguém, porque eu simplesmente não sabia desligar essa intensidade toda. hoje já não sei se quero que ela realmente desligue. o não sentir já foi um grande desejo desta que vos fala, mas não cabe mais. eu preciso sentir,  permitir sentir, estar presente. e estando presente, posso lidar melhor com essa montanha de sentimentos que me habita. montanha essa que está marcada na pele, pra nunca esquecer a sua importância. sou uma montanha de sentimentos. e eles são válidos demais pra serem apagados, escondidos ou esquecidos.

tenho muito medo dos caminhos possivelmente tortuosos que essa intensidade toda vai seguir me levando. mas sei de uma coisa: que gostoso é perceber alguém parecido. intenso tal qual você, e ao mesmo tempo tão tão tão diferente. acho que conhecer pessoas é isso: reconhecer pedacinhos delas que façam sentido e que possam ser acalanto ao nosso coração.
penso muito, penso o tempo todo sobre absolutamente tudo, penso que se falasse tudo que penso não pensaria mais nada. e esse pensar me deixa completamente atordoada dentro do caos que o terreno (não mais baldio) da minha mente passou a ser. ainda não consigo mensurar de que forma esse pensamento vem afetando meu cotidiano, meu estar presente, minha existência. mas tenho certeza de que, cedo ou tarde, conseguirei entender os motivos de tudo isso. mesmo que o motivo seja não ter motivo, porque viver é uma bagunça, não tem sentido. e tá tudo bem, continua tudo bem, apesar de pensar muito, pensar o tempo todo, pensar em falar mas calar.